“Quando a chuva para”
(Vidas Secas de Graciliano Ramos)
Acreditando firmemente que não há tempo certo para introduzir alguns livros clássicos, apresentamos Vidas Secas para pesquisar os animais neste ambiente peculiar, já que antes as crianças já haviam mencionado o interesse e a curiosidade para com os animais da fazenda.
Os leitores, em primeiro lugar, foram desafiados a atribuir significado ao título Vidas Secas! Surpreendentemente, como as crianças são, Joaquim disse que “Vidas Secas é quando a chuva para”! Por outro lado, depois de conhecer as imagens de Evandro Teixeira deste livro, Mariah falou: “mas há animais em Vidas Secas”, pois, de certo modo, ela justificou que há vidas, mesmo que nestas condições.
Lendo as imagens desse livro, questões atípicas foram levantadas quando desafiamos o grupo 3B a descobrir o animal, vendo sua sombra. Suas longas orelhas os levaram a pensar em cavalo, coelho e canguru. Thomas astutamente respondeu burro e aproveitamos esse momento para apontar diferenças entre esse e o cavalo, para falar sobre o motivo de não ser um coelho, mostrando um homem nas costas do burro ou dizendo que o canguru não é um animal brasileiro! Não obstante, ainda a cachorra baleia cujo nome não casa com o seu tamanho e/ou meio onde vive, por isso Pedro Maitan contestou, dizendo que não gostava desse nome porque lembra cães muito grandes de que ele não gosta; enquanto Iolanda ressaltou que cachorro não pode ser chamado de baleia; só os dinossauros que são barrigudos.
Certamente, a seca não estava sendo mencionada como um elemento determinante da pobreza da população, escolheu-se esse chão para entender melhor a vida terrestre, porque, o solo argiloso é muito curioso: quando ressecado, tem rachaduras, é superfície dura e firme. Antes de ser exposta ao Sol, a argila fora manipulada, amassada com rolo de macarrão sem a pretensão que surgissem formas figurativas, como comumente se faz. Esse foi um exercício de pesquisa de solo ou mesmo da ação da natureza neste tempo seco e com raios de Sol.
Curiosamente, no Green Park, as crianças também viram essa terra com rachaduras a qual foi associada rapidamente ao que viram no livro. Vale lembrar também que a terra úmida já era muito familiar a eles, principalmente no cuidado constante para com as plantas da sala – com essa (terra), os seus olhos já estavam acostumados. Foi necessário manusear e entender esta outra para desacostumar o olhar e vir fresco a essa terra seca.
Essa é a maneira de expandir repertório das crianças, lendo livros clássicos com o foco certo em suas idades! No futuro, elas estarão de volta, lendo outras camadas desta literatura ou mesmo relendo as suas frases e reconsiderando, por exemplo, que a chuva para as pessoas em um lugar, sem que elas tenham de procurar por terras mais férteis, na sentença que deu título a esse texto:
“Quando a chuva para”
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