Facade
(It’s not just for show)
Dear Parents,
Com uma percepção mais apurada à fachada da uP school, das casas e de prédios ao redor, vistos na nossa board diariamente, surgiu a oportunidade de ampliar o repertório das partes frontais dessas construções.
As fachadas projetadas nas nossas paredes desafiam as crianças a melhor observar. Essa é uma forma de leitura que implica a percepção espacial da disposição das janelas, das portas, do telhado ou mesmo da varanda – o que é matemático.
Não obstante, há um expandir também da linguagem artística que pretende necessariamente oferecer mais repertório e, definitivamente, sair daqueles desenhos reducionistas, em que a casa está composta sempre da mesma forma: o telhado triangular, um retângulo ou um quadrado como base, uma chaminé e uma árvore pouco fiel à realista ou à criatividade do compositor.
Encontrar as formas básicas de composição é uma habilidade incrível de leitura do desenho, entretanto o que se vê, muitas vezes, são reproduções, ou melhor, cópias que as pessoas fazem durante toda a vida e essas nada dizem sobre as personalidades de quem as faz ou sobre as casas que já tenham visto. Se o desenho, a pintura ou qualquer outra forma de composição é linguagem, eles devem discursar bem, porque, como sempre bem diz Paulo Mendes da Rocha, arquitetura é um discurso.
Nesse sentido, é papel da escola também apresentar diferentes fachadas com diferentes acabamentos: a madeira, o mármore, a própria pintura, os tijolos ou os rebocos aparentes. Não obstante, é dever também ultrapassar esses materiais constitutivos e provocar a descoberta de quem mora nelas, dando às casas um sujeito ligado ao verbo residir.
Essa é uma forma de personificação que garante alma ao concreto propriamente dito para que, assim, as casas não sejam feitas só de fachadas.
A propósito, por falar em concreto ou massa cimentícia, o edifício Guaimbê de Paulo Mendes da Rocha, localizado na Rua HADDOCK LOBO, Bairro CERQUEIRA CÉSAR, SÃO PAULO foi apresentado.
Para a observação de uma foto da comunidade Morro dos Prazeres no Rio de Janeiro, a maioria da turma disse que eram prédios. O que parece um olhar cuidadoso para com a composição dessas casas que, uma vez agrupadas, parecem mesmo edifícios.
Em contraponto, Joaquim apontou a semelhança do terreno, íngreme e irregular, a uma escada. Para justificar a sua colocação, sobre a foto, margeou com seu dedo as casas que pareciam degraus. Já Nico associou essas características à Atibaia, cidade para onde vai com a família aos finais de semana. Além de enxergar a sua casa de férias “lá no altão”.
Pedro Maitan, persuasivo, disse que a sua casa também estava no topo do morro, quando questionado por que, responde “lá é o catorze”.
Victor também reconheceu o seu lar em meio a tantos outros; e Izzy, orgulhosa, ressaltou que essa era a sua casa de São Paulo, onde morava com daddy Jacob, mom Natalie, sisters Helena and Sofia.
De certa forma, Izzy também falou das suas outras casas, na Holanda e na Dinamarca, onde tem sua grandma Oma de que tanto se comenta.
Em contrapartida, houve quem se incomodasse com a aparência delas! Thomas disse que não morava nessas casas, porque estavam sujas – o que descreve o seu incômodo para com a ausência de acabamento e simetria. Certamente, Thomas não se referiu às pessoas que moram na comunidade. Na verdade, faltou a palavra certa para descrever o que via: no lugar de sujas, assimétricas, talvez!
Vale ressaltar também os “ajustes” que as meninas do uP 5 fizeram quando redesenharam o Morro dos Prazeres.
Laura P.; Laura; Manuela e Melissa compuseram telas mais harmônicas; talvez por três razões: a primeira também pelo incômodo do que via; a segunda, por uma forma confortável de desenhar aquilo que já sabem; ou a terceira, por ter bastante familiaridade às telas, sabiam das regras de composição. À propósito, os desenhos são lindos e únicos.
Para ter uma outra perspectiva, foi apresentado também vídeos com campeonatos de Mountain Bike em algumas comunidades, ilustrando que essa “desordem” trouxe também vias labirínticas, propícias para a prática de esportes.
Entretanto, compreender, de fato, o que a palavra comunidade significa leva uma vida. Não basta garimpar palavras “bonitas” e não acreditar no que se fala, por isso a fase desse projeto não se encerra aqui...
Ao mesmo tempo, frutos já são colhidos: o mesmo Thomas, encantado com os desafios de se equilibrar em um mountain bike e descer por vias tão estreitas, declarou: - quando crescer, vou andar de bicicleta no Morro dos Prazeres!
E, por fim, Cape Cod Sunset, 1934 de Edward Hooper, vista em Whitney Museum of American Art, NYC, repertoriando o desenho de observação.
A expansão de desafios e de repertórios tem extraído das crianças, autoconfiança, protagonismo e muita orgulho em ser quem elas são. Como se viu também na sharing basket, em que assumiram o circle para apresentar e dividir a preferida comidinha saborosa, o livro predileto, o álbum de fotos da família ou mesmo os utensílios da sua cozinha – cômodo trabalhado nessa fase do nosso projeto Houses and Homes.
E tudo isso acontece dentro de um planejamento com atividades pedagógicas e com algumas Habilidades e Competências trabalhadas, segundo Howard Gardner:
Lógico-Matemática, Linguística, Espacial, Corporal-Cinestésica, Existencial e Interpessoal .
Tudo isso com a parceria de vocês, queridos pais, que novamente têm assumido responsabilidades novas e as têm cumprido muito bem.
Obrigada.
uP 3B team.
Keywords: facade, window, door, balcony, brick, building and comunidade.